Fica o home office, volta o SXSW.

Austin, Região central do Texas, domingo, 11:15. Terceiro dia de South by Southwest, o SXSW, Mais de uma hora na fila de espera. A sala principal do evento tem suas 2 400 cadeiras ocupadas
e uma fila de mais de cem pessoas do lado de fora esperando alguma desistência. No palco, Amy Webb, futurista, professora de previsão estratégica na Escola de Administração da New York
University Stern, está prestes a revelar na sua Palestra anual a primeira de muitas tendências do ano.

Segunda feira, 11:15. Quarto dia. Você entra numa Palestra e de repente, do nada, um dos Painelistas chama o Elon Musk para subir ao Palco! Isso sacudiu o SXSW. Não é qualquer um que, depois de ter criado o PayPall, a TeslaCar e outras companhias, concentra os esforços para pensar numa nova forma do ser humano ter um futuro sustentável. O cara é demais! No mesmo dia, recebemos um convite do Jonas Abbot da Dinamize para um happy hour num bar. De repente, abre-se uma cortina e tem uma banda de Jazz com 22 componentes!!! Fantástico, incrível, imprevisível, cheio de surpresas. Assim é o SXSW o tempo todo. Por mais que eu tente me esforçar, não tem como descrever, é como ter o gosto do futuro em apenas 10 dias do ano. Música, Cinema e Interatividade. É um evento disruptivo que integra pessoas e aponta tendências de comportamento e tecnologia. Mexe com a cabeça das pessoas, preocupa-se com a vida real e com a sustentabilidade do ser humano. É o lugar ideal e obrigatório para ouvir sobre novas ideias e comprovar como a tecnologia deve estar a serviço da transformação do mundo em um lugar melhor.

Esta é minha visão, pois é um evento tão imersivo, tão relevante e ao mesmo tempo tão complexo que certamente é difícil que várias pessoas tenham a mesma visão sobre ele. Para se ter uma ideia
das dimensões do festival: mais de 70 mil visitantes de quase 100 países diferentes, para assistir a 2.200 apresentações. Não por acaso, os participantes do SXSW utilizam o termo FOMO – Fear
of Missing Out, para nomear a estranha sensação de “perder” muito mais eventos do que você consegue participar. Eu senti isso. Várias vezes.

Dizem que nos transformaremos mais em 20 anos do que nos últimos 3 séculos. A morte anunciada do meu Smartphone pela Amy Webb, veio com inúmeras outras tendências. O uso da tecnologia vai migrar de computadores e celulares para peças de roupas, sensores de face, voz e tato. Fones de ouvido Bluetooth, pulseiras, relógios já são commodities. Roupas inteligentes e implantes neurais substituirão celulares em breve. Dá pra se sentir meio “James Bond” quando saio e atendo meu Smartwatch sem ter o telefone por perto! . Sim, os óculos inteligentes com AR (Realidade Aumentada) e outros acessórios já não precisam se comunicar com os telefones!!! No SXSW já houve palestrantes de renome como Melinda Gates, o futurista Ray Kurzweil (uma das mentes mais brilhantes do Google), Michael Dell. O SXSW é assim, uma experiência imersiva, intensa e sedutora, que nos instiga a construir um mundo melhor.

Mas as videoconferências, o home office e toda essa maravilhosa transformação digital que aconteceu num período tão reduzido de tempo com gente trabalhando em vários lugares de onde nunca imaginariam trabalhar! Que saudades do happy hour na empresa, daquele pedaço de tempo no seu final, onde se falava de tudo e de todos, se chegava à conclusões apressadas e se sonhava com mudanças no futuro. Lembro-me do último, um pouco antes da pandemia, onde o Filipe, que trabalha conosco, disse cheio de esperança: “Quem sabe um dia a gente venha a trabalhar em home office… quem sabe…”. O home office fica, os happy hour voltam e quem sabe a gente volte às calçadas barulhentas de Austin.

Marcus Sperb